domingo, 28 de setembro de 2008

Socorro
Arnaldo Antunes

Socorro!Não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir...

Socorro!

Alguma alma
Mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada...

Socorro!
Alguém me dê um coração
Que esse já não bate
Nem apanhaPor favor!
Uma emoção pequena
Qualquer coisa!
Qualquer coisa
Que se sinta...

Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que

Alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento
Acostamento, encruzilhada

Socorro!
Eu já não sinto nada...
Socorro!Não estou sentindo nadaN
em medo, nem calor, nem fogo
Nem vontade de chorar
Nem de rir...

Socorro!Alguma alma
Mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada...

Socorro!
Alguém me dê um coração
Que esse já não bate
Nem apanhaPor favor!
Uma emoção pequena
Qualquer coisa!
Qualquer coisa
Que se sinta...

Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva
Qualquer coisa
Que se sinta
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva...


Ah, esse desespero, essa lassidão, essa sensação insossa.
Nada vejo, nesse beco que me vejo, não tenho portas, não tenho beijo.
Apenas eu, me espalho. Meu espelho
Essa alteridade inalienável.
Sem escape fujo para dentro de mim, do meu deus ausente,
dessa centelha fina que não balança nem regula a lógica,
porém estipula a memória e dirige se há, há, à,
a uma glória.
O há, o instante "há", onde este está?

Um comentário:

  1. Ah, esse desespero, essa lassidão, essa sensação insossa.
    Nada vejo, nesse beco que me vejo, não tenho portas, não tenho beijo.

    Apenas eu, meu espalho.
    Essa alteridade inalienável.
    Sem escape fujo para dentro de mim, do meu deus ausente, dessa centelha fina que não balança nem regula a lógica, porém estipula a memória e dirige se há, há, à, a uma glória.

    O há, o instante "há", onde ele está?

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