domingo, 30 de dezembro de 2007

Saldão

Eita, que eu não sei si falu igual minerinho nessa nova postage ou se apela pruma linguage mais roseana...


Voltei e voltarei sempre pra Minas, minha terra que não é natal, mas teve intenção de sê-lo por 20 e poucos anos agora revividos de maneira mais esclarecida que noutros tempos.


Não saberia dizer se encerro ou começo uma outra jornada, tenho um certo receio ao desapegar desse ano que tão bom foi pra minha vida, mas um receio maior ao encarar as responsabilidades de 2008. Acontece que receio é uma palavra e principalmente um sentimentodito que não será recolhido, nem tampouco esquecido, é melhor encarar o bixinho e matar a pau feito lá na minha terra, donde esse tipo de enfraquecimento se curava com um joelhaço.





Fins de 2007, extamente nesse 30/12/2007 já fiz muita coisa, já passei por várias outras, assim como muitos, mas poucos variaram tanto de cousas como eu pude ter a satisfação de variar, variei tanto que perdi meu linguajar, o que não foi de todo mar, pois o que eu buscava alcançar veio na frente, eu de tanto pensar, passei a agir e receber de volta, joguei as sementes, plantei e semeei com cuidado e agora as mudas tão bonitas que só, floridas de fazer xodó e o meu novo xote é arrepiado com a carne do novo gado que arrebentou as porteiras, despencou das ribanceiras e desamarou as estribeiras que estavam cercando o bixinho. Lembra do bixinho, o bixinho que bota medo no peão na hora de pular do mato pro sertão?


Lembra do menino que esqueceu o caminhão e agora anda à pé em busca de um novo chão?


Lembra da menina que perdeu o grilhão e hoje anda solta pelos ares da poluição?





Esse tal de acabamento, essa tal de anunciação, como diria aquele velho Chico:

- isso aqui não dá para ser distribuido não, não tem fôlego não.
-Não por falta de material no plano externo, mas por falta de um principio valorativo interno

- Dessa bruma leve que vem de dentro o sol seca o rio e rege o outro, meu irmão.





¡Duerme negrito, que tu mamá está en el campo, negrito!


Trabajando y vale mucho, trabajando sí


Trabajando por negrito, chiquitito.


Ignácio de Loyola Brandão diz que o grande escritor é aquele que sabe dar o bom final para sua obra, ou mesmo, o fecho é a parte mais importante de um escrito, seja ele: romance, conto, novela...enfim.
Minha professora de teatro dizia para nosso grupo algo parecido, "vocês têm sérios problemas com finalizar as cenas", de fato, tínhamos e até hoje nossa peça anual "Casa Tomada" - baseada no conto homônimo de Julio Cortázar tem um final um tanto problemático, pois o público, em sua maioria, nunca soube qual era o momento de sair e quiça se deviam aplaudir ou qualquer outra ação de público.

Eu, como reles despretenciosa ècrivain que não sou, certamente não sei finalizar também e por isso vou parar meu balanço caótico e confuso, de certa forma, propositadamente, por aqui.

Adeus 2007 brasil!
E VIVA 2008 - o ano dos brothers!!!

domingo, 18 de novembro de 2007

Literatura

Minhas caras palavras,



há muito não venho visitá-las e tomar contato com esse prazer tão único e ao mesmo tempo coletivo que é o ato da escrita e mesmo da reflexão. Parti para outro rumo desde a última visita, comecei mudando de método de exposição, ao invés da escrita - a fala, ao contrário do blog escondido, o qual só eu visito, - as pessoas e distante do teclado usei bastante a varanda, as mesas de bar, as salas de aula, os encontros do teatro, a família e os distantes virtuais.

Dessa forma, acabei por abandonar esse ato que tão bem preenche meu ser, mas às vezes necessitamos distanciamento até daquilo que gostamos ou achamos que nos faz bem para atender melhor à uma comprensão que antes não conseguiríamos e assim foi passando os meses e vejam vocês cá estou eu com novidades, mas nada tão sofisticado no ato da escrita, afinal não foi esse lado que saí para desenvolver, pois cada qual merece sua prática constante se quisermos aprimorá-lo.

As boas novas que trago são: Minha casa nova, meus amigos e parceiros novos, meu caminho novo e minhas perspectivas diferentes com a aprovação no mestrado em Literatura, um dos motivos pelo qual me afastei daqui, resoluções de outra ordem.

Por hora é só.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Liberdade

Natiruts - Liberdade Pra Dentro Da Cabeça



Liberdade pra dentro da cabeça
Liberdade pra dentro da cabeça
Quando você for embora
Não precisa me dizer
O que eu não quero jogo fora
Você pode entender
Desigualdades e a luta
Afim de encontrar
A liberdade e a paz
Que a alma precisa ter


Estar com você
Na virada do sol
É compreender que o que há de melhor
Tá na vida, na transformação da natureza que me traz a
noção
Na verdade eu não vou chorar


Hoje sei ser, o que o terra veio me ensinar
Sobre as coisas que vêm do coração
Pra que eu possa trazer para mim e pra você
Liberdade pra dentro da cabeça



Sempre costumo começar com uma música, uma citação, um poema ou uma idéia que nunca é minha, mas que trás muito do que estou pensando e/ou sentindo naquele momento e sobre o que gostaria escrever, então para manter a tradição, não que eu acha que ela não deva ser quebrada, afinal tudo que vira rotina perde a graça, mas para manter a minha pequenez que preza pela ordem e impor à partir dessa conclusão um impulso à mudança, vou de novo começar a temática, no caso, LIBERDADE com uma ajudinha de Natiruts.



Na mesma linha de uma coisa puxa outra e um impulso gera outro, nessa dialética hegeliana que atormenta minhas sinapses intelectuais e sociais, abordo liberdade na mesma direção de - alguém me fez ou mostrou algo que surtiu efeito e depois de refletir refrato ao mundo -

Hoje, me refe(ve)rencio a um camarada muito camarada e que está se tornando um grande amigo e que há um tempo vem me mostrando da maneira mais natural e verdadeira possível como respeitar as diferenças entre os seres.

Abraço, grande camarada!

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Santos, Cristian . Guerras Contidas, 2007

Tristeza no céu
No céu também há uma hora melancólica.
Hora difícil, em que a dúvida penetra as almas.
Porque fiz o mundo?

Deus se pergunta e se responde: Não sei.

Os anjos olham-no com reprovação
e plumas caem.
Todas as hipóteses: a graça, a eternidade, o amor caem, são plumas.
Outra pluma, o céu se desfaz.



Tão manso,

nenhum fragor denuncia

o momento entre tudo e nada,
ou seja, a tristeza de Deus.
(Carlos Drummond)


Há momentos em que não temos fuga nem para a escrita, momentos que só os que dela sabem fazer bom uso, como os poetas, poderiam tomar de brusco uma pluma e devastar papéis brancos em busca de conforto, mas nem eles, acredito, nem eles conseguem apaziguar certos momentos, pois não falo de simples solidão, de crises sobre existência ou problemas ontológicos, de reflexão inconcreta e absurda. Falo mais, falo da natureza epistemológica, falo da melancolia inerente que se traduz no viver, falo do desânimo e da desesperança frente às mazelas sociais, falo da desgraça do outro que te tira o brilho, falo de influências e regências humanas que abatem humanos em covas desconhecidas, porém destinadas
Há desidentificação entre o Eu e o Tu, há dissonância entre tu e eu e a isso cabe questões retóricas, a isso se junta digressões imagéticas, projeções ilusórias, memórias de futuros inalcansáveis, inconpreensíveis, intocados, pois transcrevem sonhos ainda não sonhados ou meramente acorrentados.


Tenho eu um grande amigo poeta que se intitula Cobra e que capacitadamente transpõe algumas sensações, dessas que anuncio, para o papel. E o faz de maneira exorbitantemente admirável. Um pouco por ser poeta, outro por ser de uma sensibilidade incomum diante da vida e talvez muito por ser amaldiçoado com esse dom para poetizá-la, de poder transmitir palavras desconfortáveis aos que se acomodam com a vida, àqueles da sala de jantar, à espera, aos indiferentes, aos desarmados, aos aprisionados num outro mundo, onde os poetas não habitam por serem demasiado pesados em suas sensibilidades e não suportam tanta sujeira invisível, tanta discrição faminta de apreciação. Eles não se enquadram, eles não se deixam ficar no corredor, se espreitam como gatunos nos tetos e tiram do mundo somente a parte que lhes é aprazível e cruel - a poética, a expresão poiese - a vida atrás da janela quebrada -a arte!


Compartilhe(seja lá quem fores) comigo essas poesias de meu nobre devastador amigo que acaba de lançar seu livro "Guerras Contidas"
Me permita, Cristão, transcrever esse poema.



A criação


E pegou o barro e lhe deu a forma

Braços e pernas, assim fez a estatueta

E com as palavras de sua boca

Deu-lhe vida

(passado, presente, futuro)


Assim foi há milhares de anos,

quando o homem criou Deus.

Diante dessas palavras o incompreensível nos preenche. É incrível a sensibilidade de persistência de um poeta em sua dificuldade de vida, em sua capacidade para senti-la como só um artista sem fronteiras, sem barreiras pode alcançar, pode viver. Para ele a vida não lhe basta e como disse Fernando Pessoa:
Baste a quem baste o que Ihe basta
O bastante de lhe bastar!
A vida é breve, a alma é vasta:
Ter é tardar.
(Mensagem)


E o que nos resta? Aos reles mortais....


Debanda

Mil luas brancas estralhaçam minha pele
Redondas luas, brancas leitye
O teto negro noite firma-se em minha coluna vertebral
Raios! Onde é que se foi a minha enraivecida fúria?
Minha insana tristeza?

Essa agora melancolia tão doce e calada
Como pena pousa mansa
Como leve pálpebra que adormece
Tão suave vinho tinto
Presa já mordida
Durmo um sono intranqüilo.



E mais uma de Shakespeare... "bem está o que bem acaba".

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Ojalá - Silvio Rodriguez

Yo no he perdido ningún gran amor, pero me gané buenísimas influencias en mi vida en el último fin de semana. Silvio Rodriguez fue una de ellas y Ojalá su canción muy linda que me gustaria saber tocarla.
Quizá mi guitarra aun esté pronta para ese hecho - un día-


Intro: Dm Dm7 Dm7 Dm6

Dm* Dm7+
A)Ojalá que las hojas
Dm7 Dm6 Dm(Dm7+ Dm7 Dm6)
no te toquen el cuerpo cuando caigan
C
para que no las puedas
Dm* (Dm7+ Dm7 Dm6)
convertir en cristal
Em* A*
ojalá que la lluvia
D
deje de ser milagro
F#m Bm(Bm/A)
que baja por tu cuerpo
A G F# Bm(Bm/A)E
ojalá que la luna pueda salir sin ti
Dm (Dm/C) A# A7 Dm*
ojalá que la tierra no te bese los pasos
Dm* Dm7+ Dm7 Dm6 C
ojalá se te acabe la mirada constante
Fm*
la palabra precisa, la sonrisa perfecta

G G7 C
B)Ojalá pase algo que te borre de pronto
E Am
una luz cegadora
Am/G F
un disparo de nieve
G
ojalá por lo menos
C
que me lleve la muerte
E Am
para no verte tanto
Am/G F
para no verte siempre
Dm (Dm7+ Dm7 Dm6)
en todos los segundos
C*
en todas las visiones

Fm* G Dm (Dm7+ Dm7 Dm6)
C)Ojalá que no pueda tocarte ni en canciones
A)Ojalá que la aurora no de gritos que caigan en mi espalda
ojalá que tu nombre se le olvide a esta voz
ojalá las paredes no retengan tu ruido de camino cansado
ojalá que el deseo se vaya tras de ti a tu viejo gobierno de difuntos y flores
ojalá se te acabe la mirada constante la palabra precisa, la sonrisa perfecta

B)Ojalá pase algo que te borre de pronto una luz cegadora un disparo de nieve
ojalá por lo menos que me lleve la muerte para no verte tanto para no verte siempre
G
en todos los segundos
C
en todas las visiones
C)Ojalá que no pueda tocarte ni en canciones
B)Ojalá pase algo que te borre de pronto...

Fm* G C C/B Am
C)Ojalá que no pueda, tocarte ni en canciones
Am/G F Em Dm*Dm7+ Dm7 Dm6 C

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Não se ensina: se aprende

Ensinamento
(Adélia Prado)

Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.


Certo dia um amigo me perguntou se acaso temos o direito de interferirmos no processo de aprendizagem, de amadurecimento do Outro?

Bem, eu lhe respondi que sim, pois já há muito, também tivera eu a mesma dúvida diante da vida, porém com que autoridade eu respondi que sim e justificando ainda que se a pessoa tiver consciência de que sua interferência não irá causar danos ao interferido, então o interferidor não estará cumprindo mais que seu dever civil? Considerando que, objetiva com esse ato a manutenção e/ou boa formação da dignidade, o bom senso, o bem-estar do próximo. Só faltou completar com " Esse seu ato poderá contribuir para a preservação da moral e dos bons costumes da pessoa em processo de civilização"

Ora, o que se tem a dizer a respeito dessa minha mera opinião? O que conheço eu da vida para poder decidir o que fazer dela na relação com o outro? Bem, perguntas complexas -fáceis, no entanto, de serem contestadas(dependendo do ângulo ou da boca que fala) Posso eu ajudar o outro, que por ser "inexperiente", aprende com meus erros e acertos a refletir sobre suas próprias ações. Esse seria então o jogo dialógico dos seres humanos, para Bakhtin

Entrementes, para Norbert Elias que escreveu O Processo Civilizacional, Lisboa, D.Quixote, 1989-1990 (2 vols). A preocupação com o processo de civilização do ocidente europeu, era demonstrar a evolução das relações do homem ocidental com o seu próprio corpo, com as suas necessidades e instintos fisiológicos e emocionais e o modo como esta evolução se refletiu nas relações do indivíduo com os outros e foi condicionada pela evolução histórica da sociedade.

Um exemplo seria a capacidade dos indivíduos de alcançaram o auto-controle. Capacidade que temos, alguns, de segurar o xixi até encontrar um banheiro público, que sintomaticamente escasseiam nas nossas cidades, evitando deste modo fazer das árvores, que deveriam embelezar e purificar o oxigénio das cidades, mictórios públicos.

Desse modo, salvo conducto das relações que aqui tento estabelecer, entorno-me o direito público de assim como emitir opiniões são de responsabilidades individuais e peremptóricas, discorrer metalinguísticamente sobre as mesmas, me emparedando à sua recepção.

Pergunto: Necessito eu de um escudo, via virtual, para me defender das possíveis interferências, no caso, intelectuais ou nem tanto que causarei aqui nesse meu laboratório sapiens-demens das letras?

Shakespeare disse que "estar preparado é tudo", contudo nunca estamos de todo preparado para nada, quiça para o tudo que temos de enfrentar.Estar preparado para um exame, para uma entrevista de trabalho, para uma apresentação musical, teatral, palestra, seminário, estar preparado para uma viagem, para ir a um restaurante ou coordenar uma equipe esportiva, preparado para fazer compras ou assistir a um filme, cuja sinopse já pesquisou,limpar uma casa ou até ter um filho...há várias maneiras de se preparar para atuar na sociedade, contudo estar preparado para o OUTRO, bem isso é muito mais difícil, considerando que em tudo ele estará presente e como você irá agir nessas situações, nessas relações descritas em que não estará sozinho, mas sim na presença irremediável de todos os outros com sonhos, descobertas, questionamentos, formações, opiniões, vivências, experiências, crenças, medos, desejos, dificuldades, personalidades, caráter,enfim tudo diferente. Isso é estar preparado para a vida. Na verdade, penso que Shakespeare quis dizer com sua frase a seguinte recomendação: Seja paciente, tolerante e respeite tudo que vc tem que enfrentar e assim estará preparado para os combates, lutas e persistências que se trava no processo de vivência, pois nunca estará sozinho, há sempre a companhia do Outro, civilizado ou não ele estará lá e você terá de encará-lo.



Por fim, retomo àquela pergunta inicial, temos o direito de interferir no outro? Não tenho resposta. Tenho outra pergunta.
Por que não fazê-lo se isso promove crescimento em ambos?


Termino com A. Caeiro

Sim: há diferença.

Mas não é a diferença que encontras;

Porque o ter consciência não me obriga a ter teorias sobre as cousas:

Só me obriga a ser consciente.

domingo, 29 de julho de 2007

O que não se entende, se vive, se busca, se aprende.

Qual é a coisa mais importante do mundo?
Qual é a coisa mais importante para pessoa como indivíduo?
O que é o amor?

Essas eram as três perguntas básicas que Clarice Lispector, em entrevista a companheiros das Letras, no caso Tom Jobim, sempre fazia para descobrir nessas difíceis ou, no mínimo reflexivas respostas, a essência humana.

Esatva eu assistindo ao Psicanalista Jorge Forbes no programa Saia Justa da GNT dizendo que o luto que o Brasil está/esteve vivendo com a tragédia catastrófica do avião 3054 da TAM, era um luto que devia ser vivido, como todo luto que não sabemos como passar, deve ser passado, não há como fugir, nem porquê fazê-lo, ele existe e precisa ser superado, encarado como vivência, experiência e as mortes têm de estarem presentes em nossas vidas como mortes, como ausências de vidas que precisam ser sentidas, só assim serão compreendidas.

Reflito eu: A Morte é como o Amor e isso não é novidade, porém o cotejamento necessita ser explicado. Pois, se o amor não é algo que se possa explicar, apenas algo que temos que passar, que vivenciar, a morte, em seu molde, se coloca no mesmo âmbito de análise.
Sendo assim, a ausência que o amor provoca, assim como a presença que a morte o faz produz o mesmo sentimento de dor, é estranho e paradoxal pensar que a morte só se faz inteiramente quando está presente a ausência do outro e o amor só se faz completamente presente quando sentimos presente a ausência do outro.
Descubro como Drummond já descobrira outrora que a morte não é falta, não é ausência, é a presença de algo que não sabemos explicar, assim como não sabemos explicar a presença do amor e não damos saída amena para sua ausência, para sua dor.

Ausência - C. Drummond
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,porque a ausência,
essa ausência assimilada,ninguém a rouba mais de mim.

Não chegarei perto de me explicar tão bem como o faz Drummond, mas usarei suas palavras como suporte de meu pensar, de meu entender, para compreender de alguma forma, por algum caminho como lidar com a morte, com o luto, com a boa ou má sorte do amor, com a ausência que não é um vazio, mas uma massa escura como essa que suporta o universo todo, feito ele mais de ausências substânciais que presenças conhecidas...Sendo o amor e a dor mais conhecidos pela buracos negros e camadas encoberdas, inexploradas,incompreensíveis que tomam nossos sentimentos sobrepondo o que tocamos, sentimos e sabemos sê-lo...ou não.

As ausências de minhas palavras claras aqui se fazem na minha obscura presença nesse texto.

... ...

Cantar o amor

O SEU SANTO NOME

Carlos Drummond de Andrade
Não facilite com a palavra amor.
Não a jogue no espaço, bolha de sabão.
Não se inebrie com o seu engalanado som.
Não a empregue sem razão acima de toda a razão ( e é raro).
Não brinque, não experimente,
não cometa a loucura sem remissão de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra.
Não a pronuncie.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Rebento- Gilberto Gil

Rebento subtantivo abstrato
O ato, a criação, o seu momento
Como uma estrela nova
e o seu baratoque só Deus sabe, lá no firmamento
RebentoTudo o que nasce é
RebentoTudo que brota, que vinga, que medra
Rebento claro como flor na terra,rebento farto como trigo ao vento

Outras vezes rebento simplesmenteno presente do indicativo
Como as correntes de um cão furioso,ou as mãos de um lavrador ativo
às vezes mesmo perigosamente
como acidente em forno radioativoÀs vezes, só porque fico nervosa, rebento
às vezes, somente porque estou VIVA!
Rebento, a reação imediata
a cada sensação de abatimento
Rebento, o coração dizendo: Bata!a cada bofetão do sofrimento
Rebento, esse trovão dentro da mata
e a imensidão do som nesse momento

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Proseando

Estava eu cá com meus botões ou seriam brotões, aquelas idéias que ainda estão em fase embrionário, em forma de broto, matutando com capim na boca e um pouco de pestana queimada, abaixo de um sol ardente de inverno que, ademais de esquentar, promove uma languidez safada na gente, dá aquela vontade doida de falar pro Outro fazer aquilo que é nosso, mas como aquilo que vai em nós advém do outro, é a gente mesmo que tem que fazer o trabalho nosso refletido na gente daquele mesmo Outro, ou de outros afora, feito o feixe último daquele sol mole que toca a pele e estarrece o corpo todo refratando pra dentro de cada um aquilo que lhe vai mais fundo nos pensamentos, desabrochando os pequenos botões e dando vida irradiante aos sentires, desejos e resoluções.

Assim que me lembrei de um chegado muito chegado meu e fiquei com uma vontade danada de contar umas histórias dele por aqui e olha que aquele tem história pra contar, vissi!

Pois como ia dizendo, esse moço que vai pelas casas da boa idade tem histórias desde "moleque" como ele próprio define e anda pela vida a propagar suas filosofias, que de muito divulgadas são conhecidas a leguas e por onde passam deixam risadas e cabeças pensantes, bem como marcas e um desejo aguçado de ouvir sempre mais.
São varias, inumeras, variadas, uma mais instigante que a outra, mesclas de ditos populares, conhecimento dos antigos, crenças e superstições, experiências de vida, piadas inteligentes e palavras dos mais velhos que sempre servem nos momentos da vivência de cada um, vivência de todos nós.
Não sou Rolando Boldrin,nem pretendo aqui discorrer sobre os causos desse meu chegado, mesmo porquê as particularidades dele são de natureza distinta a dos famigerados causos.

Como ia dizendo...Pra vocês terem idéia do quão idiossincrático esse meu caro chegado se apresenta, outro dia lhe perguntaram por que o mesmo estava sempre rindo e fazendo piadas com a vida e a contestação não poderia ser mais original. " Eu rio porque se fosse começar a pensar nos meus problemas começaria a chorar hoje e daqui uma semana ainda estaria na mesma"
Bem, de fato, lendo não fica tão original assim, tampouco engraçado. Contudo há uma frase, dentre muitas, que sempre ouço de sua boca e tem muito a ver com o momento decisivo que estou vivendo e nessa gostaria de me ater.

"Coração de jovem não bate, capota!"

A imagem é forte e a entonação sempre vem impositiva e austera com um tom jovial que encoraja qualquer pessoa que a ouça num momento de fragilidade e de ansiedade por seguir determinado caminho, ela remete à coragem que os jovens dispõem nas suas tomadas de decisões e da disposição que impõem diante de um objetivo que por mais impedido ou cheio de obstáculos que esteja, sempre seguem adiante, pois o coração do jovem está pronto para viver forte e criativas emoções, sem medo, no front, dando a cara e o peito para a luta e arriscando qualquer segurança pelo mínimo, porém marcante,ato de aventura.

Salve, salve a "loucura" dos jovens e a sapiência dos experientes, por que como disse E. Morin, 2005" Ser Homo também implica em ser demens, logo o destino antropológico do homo-sapiens-demens implica nunca cessar de fazer dialogar em nós mesmos sabedoria e loucura, ousadia e prudência, economia e gasto, temperança e "consumação", desprendimento e apego"

Conselho as jovens "Envelheçam" - Nelson Rodrigues em entrevista à TV(+- anos 60)
Conselho aos jovens formandos "Continuem jovens" - Miotello no discurso da minha formatura.(2007)

ad infinitum

Perfil


domingo, 8 de julho de 2007

Sementes primeiras


¡Bienvenidos compañeros!


Inicio minha distinta caminhada por percursos nunca dantes experimentados, arrastando os pés por terras nunca dantes tecladas, tampouco publicadas, passo a passo vou com meu saco de sementes em potencial que ainda incertas estão para se desenvolver, mas com grande louvor serão cultivadas a fim de glórias trazer.

Não chego perto de Camões, Pessoa ou Nassar, porém admito nos mesmos minha ansia por navegar e lavorar, minha vida que pese o fardo de muito lutar e como dirian os hispanos: ¡Hay que perseverar!

Nesse intento vou agora permeando terrenos cheio de histórias para contar, ávidos por compartilhar com os amigos que por aqui passarem esses rumos inovadores. Teremos muito o que conversar, para meus companheiros deixo um abraço, para o meu incentivador minha gratidão e para os novos passos deixo poeira bem marcada nesse chão!


¡Hasta siempre!