domingo, 29 de julho de 2007

O que não se entende, se vive, se busca, se aprende.

Qual é a coisa mais importante do mundo?
Qual é a coisa mais importante para pessoa como indivíduo?
O que é o amor?

Essas eram as três perguntas básicas que Clarice Lispector, em entrevista a companheiros das Letras, no caso Tom Jobim, sempre fazia para descobrir nessas difíceis ou, no mínimo reflexivas respostas, a essência humana.

Esatva eu assistindo ao Psicanalista Jorge Forbes no programa Saia Justa da GNT dizendo que o luto que o Brasil está/esteve vivendo com a tragédia catastrófica do avião 3054 da TAM, era um luto que devia ser vivido, como todo luto que não sabemos como passar, deve ser passado, não há como fugir, nem porquê fazê-lo, ele existe e precisa ser superado, encarado como vivência, experiência e as mortes têm de estarem presentes em nossas vidas como mortes, como ausências de vidas que precisam ser sentidas, só assim serão compreendidas.

Reflito eu: A Morte é como o Amor e isso não é novidade, porém o cotejamento necessita ser explicado. Pois, se o amor não é algo que se possa explicar, apenas algo que temos que passar, que vivenciar, a morte, em seu molde, se coloca no mesmo âmbito de análise.
Sendo assim, a ausência que o amor provoca, assim como a presença que a morte o faz produz o mesmo sentimento de dor, é estranho e paradoxal pensar que a morte só se faz inteiramente quando está presente a ausência do outro e o amor só se faz completamente presente quando sentimos presente a ausência do outro.
Descubro como Drummond já descobrira outrora que a morte não é falta, não é ausência, é a presença de algo que não sabemos explicar, assim como não sabemos explicar a presença do amor e não damos saída amena para sua ausência, para sua dor.

Ausência - C. Drummond
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,porque a ausência,
essa ausência assimilada,ninguém a rouba mais de mim.

Não chegarei perto de me explicar tão bem como o faz Drummond, mas usarei suas palavras como suporte de meu pensar, de meu entender, para compreender de alguma forma, por algum caminho como lidar com a morte, com o luto, com a boa ou má sorte do amor, com a ausência que não é um vazio, mas uma massa escura como essa que suporta o universo todo, feito ele mais de ausências substânciais que presenças conhecidas...Sendo o amor e a dor mais conhecidos pela buracos negros e camadas encoberdas, inexploradas,incompreensíveis que tomam nossos sentimentos sobrepondo o que tocamos, sentimos e sabemos sê-lo...ou não.

As ausências de minhas palavras claras aqui se fazem na minha obscura presença nesse texto.

... ...

Cantar o amor

O SEU SANTO NOME

Carlos Drummond de Andrade
Não facilite com a palavra amor.
Não a jogue no espaço, bolha de sabão.
Não se inebrie com o seu engalanado som.
Não a empregue sem razão acima de toda a razão ( e é raro).
Não brinque, não experimente,
não cometa a loucura sem remissão de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra.
Não a pronuncie.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Rebento- Gilberto Gil

Rebento subtantivo abstrato
O ato, a criação, o seu momento
Como uma estrela nova
e o seu baratoque só Deus sabe, lá no firmamento
RebentoTudo o que nasce é
RebentoTudo que brota, que vinga, que medra
Rebento claro como flor na terra,rebento farto como trigo ao vento

Outras vezes rebento simplesmenteno presente do indicativo
Como as correntes de um cão furioso,ou as mãos de um lavrador ativo
às vezes mesmo perigosamente
como acidente em forno radioativoÀs vezes, só porque fico nervosa, rebento
às vezes, somente porque estou VIVA!
Rebento, a reação imediata
a cada sensação de abatimento
Rebento, o coração dizendo: Bata!a cada bofetão do sofrimento
Rebento, esse trovão dentro da mata
e a imensidão do som nesse momento

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Proseando

Estava eu cá com meus botões ou seriam brotões, aquelas idéias que ainda estão em fase embrionário, em forma de broto, matutando com capim na boca e um pouco de pestana queimada, abaixo de um sol ardente de inverno que, ademais de esquentar, promove uma languidez safada na gente, dá aquela vontade doida de falar pro Outro fazer aquilo que é nosso, mas como aquilo que vai em nós advém do outro, é a gente mesmo que tem que fazer o trabalho nosso refletido na gente daquele mesmo Outro, ou de outros afora, feito o feixe último daquele sol mole que toca a pele e estarrece o corpo todo refratando pra dentro de cada um aquilo que lhe vai mais fundo nos pensamentos, desabrochando os pequenos botões e dando vida irradiante aos sentires, desejos e resoluções.

Assim que me lembrei de um chegado muito chegado meu e fiquei com uma vontade danada de contar umas histórias dele por aqui e olha que aquele tem história pra contar, vissi!

Pois como ia dizendo, esse moço que vai pelas casas da boa idade tem histórias desde "moleque" como ele próprio define e anda pela vida a propagar suas filosofias, que de muito divulgadas são conhecidas a leguas e por onde passam deixam risadas e cabeças pensantes, bem como marcas e um desejo aguçado de ouvir sempre mais.
São varias, inumeras, variadas, uma mais instigante que a outra, mesclas de ditos populares, conhecimento dos antigos, crenças e superstições, experiências de vida, piadas inteligentes e palavras dos mais velhos que sempre servem nos momentos da vivência de cada um, vivência de todos nós.
Não sou Rolando Boldrin,nem pretendo aqui discorrer sobre os causos desse meu chegado, mesmo porquê as particularidades dele são de natureza distinta a dos famigerados causos.

Como ia dizendo...Pra vocês terem idéia do quão idiossincrático esse meu caro chegado se apresenta, outro dia lhe perguntaram por que o mesmo estava sempre rindo e fazendo piadas com a vida e a contestação não poderia ser mais original. " Eu rio porque se fosse começar a pensar nos meus problemas começaria a chorar hoje e daqui uma semana ainda estaria na mesma"
Bem, de fato, lendo não fica tão original assim, tampouco engraçado. Contudo há uma frase, dentre muitas, que sempre ouço de sua boca e tem muito a ver com o momento decisivo que estou vivendo e nessa gostaria de me ater.

"Coração de jovem não bate, capota!"

A imagem é forte e a entonação sempre vem impositiva e austera com um tom jovial que encoraja qualquer pessoa que a ouça num momento de fragilidade e de ansiedade por seguir determinado caminho, ela remete à coragem que os jovens dispõem nas suas tomadas de decisões e da disposição que impõem diante de um objetivo que por mais impedido ou cheio de obstáculos que esteja, sempre seguem adiante, pois o coração do jovem está pronto para viver forte e criativas emoções, sem medo, no front, dando a cara e o peito para a luta e arriscando qualquer segurança pelo mínimo, porém marcante,ato de aventura.

Salve, salve a "loucura" dos jovens e a sapiência dos experientes, por que como disse E. Morin, 2005" Ser Homo também implica em ser demens, logo o destino antropológico do homo-sapiens-demens implica nunca cessar de fazer dialogar em nós mesmos sabedoria e loucura, ousadia e prudência, economia e gasto, temperança e "consumação", desprendimento e apego"

Conselho as jovens "Envelheçam" - Nelson Rodrigues em entrevista à TV(+- anos 60)
Conselho aos jovens formandos "Continuem jovens" - Miotello no discurso da minha formatura.(2007)

ad infinitum

Perfil


domingo, 8 de julho de 2007

Sementes primeiras


¡Bienvenidos compañeros!


Inicio minha distinta caminhada por percursos nunca dantes experimentados, arrastando os pés por terras nunca dantes tecladas, tampouco publicadas, passo a passo vou com meu saco de sementes em potencial que ainda incertas estão para se desenvolver, mas com grande louvor serão cultivadas a fim de glórias trazer.

Não chego perto de Camões, Pessoa ou Nassar, porém admito nos mesmos minha ansia por navegar e lavorar, minha vida que pese o fardo de muito lutar e como dirian os hispanos: ¡Hay que perseverar!

Nesse intento vou agora permeando terrenos cheio de histórias para contar, ávidos por compartilhar com os amigos que por aqui passarem esses rumos inovadores. Teremos muito o que conversar, para meus companheiros deixo um abraço, para o meu incentivador minha gratidão e para os novos passos deixo poeira bem marcada nesse chão!


¡Hasta siempre!