segunda-feira, 9 de julho de 2007

Proseando

Estava eu cá com meus botões ou seriam brotões, aquelas idéias que ainda estão em fase embrionário, em forma de broto, matutando com capim na boca e um pouco de pestana queimada, abaixo de um sol ardente de inverno que, ademais de esquentar, promove uma languidez safada na gente, dá aquela vontade doida de falar pro Outro fazer aquilo que é nosso, mas como aquilo que vai em nós advém do outro, é a gente mesmo que tem que fazer o trabalho nosso refletido na gente daquele mesmo Outro, ou de outros afora, feito o feixe último daquele sol mole que toca a pele e estarrece o corpo todo refratando pra dentro de cada um aquilo que lhe vai mais fundo nos pensamentos, desabrochando os pequenos botões e dando vida irradiante aos sentires, desejos e resoluções.

Assim que me lembrei de um chegado muito chegado meu e fiquei com uma vontade danada de contar umas histórias dele por aqui e olha que aquele tem história pra contar, vissi!

Pois como ia dizendo, esse moço que vai pelas casas da boa idade tem histórias desde "moleque" como ele próprio define e anda pela vida a propagar suas filosofias, que de muito divulgadas são conhecidas a leguas e por onde passam deixam risadas e cabeças pensantes, bem como marcas e um desejo aguçado de ouvir sempre mais.
São varias, inumeras, variadas, uma mais instigante que a outra, mesclas de ditos populares, conhecimento dos antigos, crenças e superstições, experiências de vida, piadas inteligentes e palavras dos mais velhos que sempre servem nos momentos da vivência de cada um, vivência de todos nós.
Não sou Rolando Boldrin,nem pretendo aqui discorrer sobre os causos desse meu chegado, mesmo porquê as particularidades dele são de natureza distinta a dos famigerados causos.

Como ia dizendo...Pra vocês terem idéia do quão idiossincrático esse meu caro chegado se apresenta, outro dia lhe perguntaram por que o mesmo estava sempre rindo e fazendo piadas com a vida e a contestação não poderia ser mais original. " Eu rio porque se fosse começar a pensar nos meus problemas começaria a chorar hoje e daqui uma semana ainda estaria na mesma"
Bem, de fato, lendo não fica tão original assim, tampouco engraçado. Contudo há uma frase, dentre muitas, que sempre ouço de sua boca e tem muito a ver com o momento decisivo que estou vivendo e nessa gostaria de me ater.

"Coração de jovem não bate, capota!"

A imagem é forte e a entonação sempre vem impositiva e austera com um tom jovial que encoraja qualquer pessoa que a ouça num momento de fragilidade e de ansiedade por seguir determinado caminho, ela remete à coragem que os jovens dispõem nas suas tomadas de decisões e da disposição que impõem diante de um objetivo que por mais impedido ou cheio de obstáculos que esteja, sempre seguem adiante, pois o coração do jovem está pronto para viver forte e criativas emoções, sem medo, no front, dando a cara e o peito para a luta e arriscando qualquer segurança pelo mínimo, porém marcante,ato de aventura.

Salve, salve a "loucura" dos jovens e a sapiência dos experientes, por que como disse E. Morin, 2005" Ser Homo também implica em ser demens, logo o destino antropológico do homo-sapiens-demens implica nunca cessar de fazer dialogar em nós mesmos sabedoria e loucura, ousadia e prudência, economia e gasto, temperança e "consumação", desprendimento e apego"

Conselho as jovens "Envelheçam" - Nelson Rodrigues em entrevista à TV(+- anos 60)
Conselho aos jovens formandos "Continuem jovens" - Miotello no discurso da minha formatura.(2007)

ad infinitum

3 comentários:

  1. Nelson Rodrigues era uma mala. Prá ele toda mulher era puta, todo homem era corno e sempre tem um torcedor do Fluminense para encher o saco. De genial, eu nunca vi nada desse senhor.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Ele não era um mala assim, nesses moldes, ele era um cara que exigia experiência da vida e para isso buscava nas "baixezas humanas", ou o que estava à margem, a condenação de princípios, pudores e moral. Talvez fosse um pouco tradicionalista, mas nunca convencional. Fato!

    Ah, a FLIP desse ano, que foi ótima, apesar de não ter estado presente, homenageou Nelson Rodrigues, no mínimo interessante!

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